Conscientemente escrevo e, consciente,
medito o meu destino.
No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exhumado
da vala do poema.
Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.
António Gedeão
Quem sou eu? Eula, prazer! Vivo em Faro, Portugal, sou apaixonada pela vida e por tudo que ela contém. Casada, mãe de um menino lindo e especial, professora que não exerce, mas que ama o ensino em si. Um pouco de mim, que escrevo aqui, junto com tudo o mais que interessa-me!
25/01/08
22/01/08
Por Outras Palavras
Ninguém disse que os dias eram nossos
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre
mais uma madrugada
Ninguém disse que o riso nos pertence
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre
mais uma gargalhada
E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundoe morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim
Ninguém disse que os dias eram nossos
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que sabia arrancar sempre
mais uma gargalhada
E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundo
e morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim
Mafalda Veiga, in "Cantar"
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre
mais uma madrugada
Ninguém disse que o riso nos pertence
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre
mais uma gargalhada
E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundoe morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim
Ninguém disse que os dias eram nossos
Ninguém prometeu nada
Fui eu que julguei que sabia arrancar sempre
mais uma gargalhada
E deixar-me devorar pelos sentidos
E rasgar-me do mais fundo que há em mim
Emaranhar-me no mundo
e morrer por ser preciso
Nunca por chegar ao fim
Mafalda Veiga, in "Cantar"
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